DOOM, o Pioneiro que Moldou a Indústria de Videogames

O ano de 1993 foi um marco na trajetória tecnológica, situado em uma época de transição e inovação que pavimentaria o caminho para a revolução digital que estava prestes a se desdobrar. No campo do hardware, o mercado estava dominado pela ascensão dos computadores pessoais, que começavam a se tornar um item comum em lares e escritórios ao redor do mundo.

Empresas como a Intel e a AMD estavam na vanguarda do desenvolvimento de processadores. A Intel, com o lançamento do Pentium em março de 1993, trazia melhorias significativas na arquitetura dos microprocessadores, prometendo um desempenho superior para aplicações e jogos mais exigentes. A AMD seguia firme, buscando solidificar sua posição com inovações que competiam diretamente com as da Intel, focando em oferecer alternativas viáveis e acessíveis.

Enquanto isso, a Apple enfrentava desafios, lutando para se manter relevante em um mercado cada vez mais dominado por PCs compatíveis com IBM, que rodavam o crescente sistema operacional Windows da Microsoft. A Microsoft, por sua vez, solidificava sua posição no mercado com o Windows 3.1, lançado no ano anterior, que se tornaria uma plataforma padrão para aplicações de escritório e entretenimento.

No âmbito gráfico, a indústria estava passando por uma transformação significativa com o surgimento das primeiras GPUs (Unidades de Processamento Gráfico). Empresas como a Nvidia ainda estavam nos estágios iniciais, mas outras, como a 3dfx Interactive, começariam em breve a moldar o mercado de aceleração gráfica, que viria a revolucionar os jogos e aplicações visuais nos anos seguintes.

Tecnologicamente, 1993 também testemunhou avanços no armazenamento e na conectividade. Os discos rígidos estavam crescendo em capacidade, enquanto os disquetes estavam com uma ameaça em vista, os CDs, que ofereciam uma capacidade de armazenamento significativamente maior e que em breve começariam a se popularizar como meio de distribuição de software.

A conectividade era outro ponto de foco, com o protocolo TCP/IP ganhando força como padrão de comunicação na nascente Internet, que começava a dar seus primeiros passos para se tornar uma rede global. O ano também marcaria a proposta inicial do que se tornaria a World Wide Web, uma tecnologia emergente que eventualmente transformaria completamente a maneira como as pessoas acessam informações e se comunicam.

Antes da revolução gráfica e de jogabilidade que os jogos de tiro em primeira pessoa viriam a trazer nos anos 90, a paisagem dos jogos eletrônicos era uma mistura vibrante de inovação e limitações técnicas, com gêneros variados que começavam a estabelecer as fundações dos modernos videogames.

Durante os primeiros anos da década de 1990, os jogos ainda eram predominantemente 2D. Consoles como o Nintendo Entertainment System (NES) e o Sega Genesis dominavam o mercado, enquanto os PCs ofereciam uma gama mais ampla de experiências, mas ainda dentro das limitações gráficas da época. Jogos de plataforma como “Super Mario Bros.” e “Sonic the Hedgehog” cativavam jogadores de todas as idades com seus mundos coloridos e jogabilidade acessível.

Os jogos de aventura gráfica, como os produzidos pela LucasArts e Sierra, como “The Secret of Monkey Island” e “King’s Quest”, gozavam de grande popularidade nos PCs. Esses jogos eram reconhecidos por suas histórias cativantes, personagens carismáticos e enigmas intrincados. Embora confinados a gráficos baseados em sprites, exigiam que os jogadores usassem sua imaginação para dar vida aos mundos apresentados.

Os RPGs estavam em ascensão, com títulos como “Final Fantasy” e “Dragon Quest” na Ásia, e “Ultima” e “Might and Magic” no Ocidente. Ofereciam mundos extensos para exploração e tramas complexas, apesar de serem visualmente limitados a perspectivas top-down ou laterais.

Antes dos jogos de tiro em primeira pessoa se tornarem um gênero dominante, o mercado já explorava algumas possibilidades com títulos como “Wolfenstein 3D”. Esses jogos começaram a desbravar o potencial de uma experiência de tiro mais imersiva, embora ainda fossem bastante lineares e com menos liberdade de exploração do que seria visto posteriormente.

Do ponto de vista técnico, os jogos eram restritos pelo hardware da época. PCs, como o popular 486, começavam a adentrar o mundo dos gráficos 3D, enquanto consoles ainda se focavam em gráficos 2D e não podiam oferecer a profundidade que os PCs estavam começando a explorar.

Os controles de jogos eram simples, limitando a precisão comparados aos dispositivos mais avançados que surgiriam mais tarde. A interatividade muitas vezes se resumia a respostas rápidas ou solução de puzzles, em vez da experiência totalmente envolvente que viria a caracterizar os jogos mais avançados tecnologicamente.

Nesse cenário de transformação e consolidação dos anos 1990, no dia 10 de dezembro de 1993, o lançamento de um simples jogo, e modestíssimo para os padrões atuais, revolucionou o conceito de jogabilidade e inspirou o nosso presente.

Lançado em 10 de dezembro de 1993, DOOM não foi apenas um jogo, mas um fenômeno que revolucionou a indústria de videogames, definindo o gênero dos jogos de tiro em primeira pessoa (FPS) e estabelecendo as bases para o avanço tecnológico em jogos e além.

Desenvolvido pela id Software, DOOM introduziu gráficos 3D imersivos numa época dominada por jogos 2D. Utilizando a técnica então inovadora de renderização 3D chamada “Binary Space Partitioning” (BSP), DOOM oferecia um ambiente mais realista e detalhado do que qualquer outro jogo da época. Este avanço permitiu que os jogadores explorassem complexos labirintos com uma fluidez e uma velocidade até então inéditas, dando ao jogo uma sensação de imersão total.

A jogabilidade de DOOM também foi uma reviravolta. Com uma perspectiva em primeira pessoa, o jogo colocava os jogadores diretamente na ação, enfrentando hordas de demônios e monstros com um arsenal variado de armas. Isso não só aumentou a intensidade do jogo, mas também criou uma experiência emocionalmente envolvente que era nova para muitos jogadores.

DOOM foi um dos primeiros jogos a popularizar o conceito de multiplayer “deathmatch“. Embora o multiplayer já existisse, DOOM introduziu a ideia de combates em arenas, onde jogadores poderiam competir uns contra os outros em tempo real, um recurso que se tornou um pilar nos jogos futuros.

A capacidade de modificar o jogo, foi outro aspecto revolucionário introduzido por DOOM. Os jogadores não apenas jogavam, mas também criavam seus próprios níveis, gráficos e modos de jogo, compartilhando-os com uma comunidade em crescimento. Esta prática ajudou a fomentar uma base de fãs dedicada e impulsionou a longevidade do jogo.

O impacto de DOOM estende-se para além do entretenimento. Ele influenciou a cultura pop, com referências em filmes, música e literatura, e abriu o caminho para o debate sobre a representação da violência nos videogames, um tópico ainda relevante hoje.

Tecnologicamente, DOOM ajudou a impulsionar o desenvolvimento de hardware, especialmente em gráficos. Fabricantes de placas de vídeo, como a NVIDIA, por exemplo, começaram a projetar seus produtos tendo em mente os requerimentos dos jogos em primeira pessoa, que demandavam mais do hardware para renderizar ambientes complexos e detalhados.

DOOM não foi apenas um marco por seus gráficos e gameplay inovadores, mas também por estabelecer uma base sobre a qual a indústria de videogames construiria muitas de suas futuras inovações. Sem DOOM, a evolução dos jogos de tiro em primeira pessoa, bem como o desenvolvimento de comunidades online e tecnologias de gaming, poderia ter seguido um caminho muito diferente. Por tudo isso, DOOM permanece não apenas como um jogo, mas como um ícone que moldou a tecnologia e cultura de sua época e continua a influenciar até hoje.

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