Desafios na Busca por Inclusão: Um Olhar Crítico sobre as Vagas Segmentadas no Recrutamento

No contexto atual, em que a inclusão e a diversidade têm ganhado espaço nas discussões corporativas, é cada vez mais comum encontrar anúncios de emprego que destacam “Vagas para Pessoas Pretas”, “Vagas Inclusivas”, entre outros. Embora essas iniciativas pareçam promover a inclusão, elas podem, paradoxalmente, contribuir para perpetuar a segregação social que muitos esforços buscam eliminar.
A intenção de ser inclusivo é, sem dúvida, nobre. As empresas estão cada vez mais conscientes da importância da diversidade em seus times, não apenas como um imperativo ético, mas também pelo valor que diferentes perspectivas trazem para o ambiente de trabalho. No entanto, ao segmentar vagas especificamente por características como cor da pele, gênero ou deficiência, corre-se o risco de reforçar estereótipos e fomentar uma sensação de divisão, ao invés de integração.
Este tipo de recrutamento focado em características específicas pode ser visto como uma tentativa de correção rápida para problemas complexos de desigualdade e representatividade. Contudo, tais práticas podem inadvertidamente destacar as diferenças entre os indivíduos, ao invés de suas qualificações e habilidades. Em um mundo ideal, os profissionais deveriam ser escolhidos com base em suas competências e experiências, sem que aspectos pessoais se tornem critérios primordiais.
Além disso, há questões legais envolvidas. De acordo com a Lei nº 9.029, é proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à relação de emprego, ou sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar ou idade, salvo quando a natureza da atividade o exigir. Portanto, anúncios que especificam tais características podem estar não apenas eticamente questionáveis, mas também em desacordo com o quadro legal brasileiro.
É crucial, portanto, que os profissionais de recrutamento e seleção repensem suas práticas. A inclusão deve ser promovida de maneira que integre verdadeiramente todos os indivíduos, reconhecendo suas habilidades e contribuições potenciais, sem enfatizar suas diferenças de maneira que possa resultar em segregação. A diversidade nos times deve ser alcançada através de políticas que garantam igualdade de oportunidades a todos os candidatos, independentemente de suas características pessoais.
Como sociedade, e especialmente como profissionais responsáveis pela gestão de talentos nas organizações, devemos buscar soluções que favoreçam a verdadeira inclusão e diversidade, sem cair na armadilha de ações que, embora bem-intencionadas, acabam por perpetuar divisões. É um desafio complexo, mas essencial para construir um ambiente corporativo verdadeiramente inclusivo e representativo do mundo em que vivemos.
É importante que todos entendam de uma vez por todas, só existe um tipo se ser humano: O HUMANO.