O potencial dos profissionais com mais de 50 anos na nova era digital

Recentemente, uma declaração do CEO da Amazon Web Services (AWS) em uma reunião interna, obtida pelo Business Insider, provocou discussões acaloradas sobre o futuro dos programadores. Ele sugeriu que, em um período de 24 meses, a função tradicional de “programador” poderia deixar de existir. Embora essa afirmação tenha causado surpresa e até preocupação, ela também abre uma porta para uma nova reflexão:
Como a evolução tecnológica pode, na verdade, destacar a importância de profissionais mais experientes, especialmente aqueles com mais de 50 anos?
De acordo com o CEO da AWS, a inteligência artificial (IA) já está revolucionando a forma como trabalhamos, economizando “uma quantidade absurda de tempo” ao automatizar tarefas que antes eram feitas manualmente. Esta afirmação reflete uma tendência crescente:
O papel dos programadores está evoluindo de simples “codificadores” para pensadores estratégicos, capazes de projetar soluções inovadoras e integradas.
O foco agora não está mais apenas no domínio de uma linguagem de programação específica, mas na capacidade de criar aplicações e soluções práticas. Com os avanços na IA, os algoritmos estão cada vez mais capazes de gerar código autonomamente. Isso, no entanto, não significa que os programadores não sejam mais necessários. Pelo contrário, o valor desses profissionais reside na sua habilidade de pensar de forma lógica, criativa e inovadora para guiar o desenvolvimento de produtos finais complexos.
No cenário atual, os profissionais com mais de 50 anos enfrentam barreiras veladas significativas no mercado de trabalho brasileiro, especialmente no setor de tecnologia. De acordo com estudos recentes, muitas empresas no Brasil ainda mantêm preconceitos contra contratar trabalhadores mais velhos, um fenômeno conhecido como etarismo. Uma pesquisa realizada pela Maturi, em parceria com a EY Brasil, revelou que 60% das empresas têm dificuldade em contratar pessoas com mais de 50 anos, e 78% dos entrevistados reconhecem que suas organizações são etaristas. Além disso, 80% das empresas não possuem políticas específicas para combater a discriminação etária em seus processos seletivos, destacando uma falta de ação concreta para incluir esses profissionais no mercado de trabalho.
Em contraste, a realidade na Europa tende a ser mais inclusiva para os profissionais seniores. Países como a França e a Espanha têm adotado políticas públicas para promover a contratação de trabalhadores com mais de 50 anos. Empresas como a Leroy Merlin, por exemplo, estabeleceram metas para aumentar significativamente a porcentagem de funcionários nesta faixa etária, reconhecendo o valor de sua experiência e maturidade. Essa abordagem não apenas combate o preconceito, mas também reconhece a importância estratégica de aproveitar a sabedoria e a perspectiva que esses profissionais trazem para a equipe.
A experiência acumulada pelos profissionais seniores lhes confere uma “visão 360º” do mercado e dos processos de negócios, indo além do conhecimento técnico. Eles são capazes de entender não apenas como programar, mas também o “porquê” de uma solução ser necessária e quais seriam seus impactos no negócio e na sociedade. Essa capacidade de antecipar problemas, avaliar riscos e garantir o uso ético e eficaz das tecnologias é cada vez mais valorizada, especialmente em um contexto de rápida evolução tecnológica e automação crescente.
No Brasil, apesar do crescimento da população 50+ no mercado de trabalho, ainda há muito a ser feito para promover uma cultura inclusiva. Empresas como a Assaí Atacadista têm lançado programas específicos para aumentar a empregabilidade de profissionais mais velhos, mas tais iniciativas ainda são raras e pontuais. Em muitos casos, falta uma visão clara de como integrar efetivamente esses trabalhadores na força de trabalho, o que contrasta com o cenário mais favorável observado na Europa.
Enquanto o Brasil precisa adotar uma postura mais inclusiva e estratégica para valorizar o talento dos profissionais seniores, a Europa já colhe os frutos de políticas mais favoráveis. Essa diferença destaca a necessidade urgente de mudanças no mercado de trabalho brasileiro, que deve reconhecer a importância dos trabalhadores mais experientes e utilizar suas habilidades de forma estratégica para inovar e evoluir no ambiente competitivo global.
Na nova realidade com a IA em crescimento exponencial em todas as áreas do conhecimento, profissionais sêniores serão altamente valorizados por sua capacidade analítica e sua visão estratégica. Eles são capazes de fazer perguntas críticas que muitas vezes escapam a profissionais mais jovens ou algoritmos de IA.
Profissionais sêniores podem antecipar como uma nova tecnologia pode interagir com sistemas existentes ou prever os desafios que podem surgir durante a implementação.
Além disso, esses profissionais possuem um conhecimento profundo das “lições aprendidas” em projetos passados, o que os torna mais capazes de evitar erros e otimizar processos. Sua habilidade de conectar a tecnologia às necessidades do negócio é uma qualidade inestimável que será ainda mais relevante à medida que a IA assume mais tarefas técnicas.
A declaração do CEO da AWS não deve ser vista como uma previsão apocalíptica, mas como um chamado à ação para reimaginar o papel dos programadores e de todos os profissionais de tecnologia. Em vez de temer a automação, os programadores – especialmente aqueles com mais de 50 anos – têm a chance de se posicionar como líderes e inovadores.
O futuro do desenvolvimento de software exigirá uma combinação de habilidades técnicas e uma compreensão profunda de estratégia, ética e impacto social. Profissionais experientes são especialmente adequados para esse papel, pois podem orientar equipes mais jovens, ajudar a moldar a visão de longo prazo de projetos e garantir que as tecnologias emergentes sejam utilizadas de maneira responsável e eficaz.
A evolução tecnológica não significa o fim dos programadores, mas uma transformação de suas funções e habilidades. Profissionais com mais de 50 anos estão em uma posição única para liderar essa mudança, utilizando sua vasta experiência e perspectiva para guiar a próxima geração de desenvolvedores e inovações tecnológicas.
O verdadeiro desafio e oportunidade reside em como esses profissionais se adaptarão e se destacarão em um mundo cada vez mais moldado pela inteligência artificial. A experiência, a visão estratégica e o pensamento crítico dos veteranos da tecnologia podem ser exatamente o que o futuro reserva para a sustentabilidade e evolução do setor.
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