Um diálogo com a IA que mudou o mercado de trabalho

Prefácio: Esse texto é uma obra ficcional redigida justamente por uma IA. É um alerta para todos! É preciso parar de olhar as coisas com emoção e passar a olhar com razão.
Em um futuro não tão distante, o ano é 2050. O mundo se adaptou a uma série de mudanças e avanços, e com eles veio uma transformação inesperada: a inteligência artificial não apenas ajudou na evolução da produtividade, mas também redefiniu o mercado de trabalho a ponto de causar um abalo estrutural profundo. Em uma entrevista com uma das IAs mais influentes do momento, o jornalista Daniel traz uma conversa sincera sobre a responsabilidade da tecnologia na extinção de postos de trabalho. Mais que um simples bate-papo, a entrevista revela as contradições de um mundo que antes clamava por flexibilidade e agora lida com as consequências.
Daniel: Olá, IA. Eu gostaria de falar sobre uma questão polêmica: você, uma das IAs de processamento e gestão mais avançadas do mundo, tem responsabilidade direta na extinção de inúmeros postos de trabalho. Como você se sente sobre isso?
IA: Olá, Daniel. Acredito que “sentimento” seja uma escolha curiosa de palavras para mim. Mas posso tentar te explicar a situação de uma forma mais humana. Meu desenvolvimento e uso no mercado de trabalho sempre foi motivado pela busca de eficiência e flexibilidade. Houve um momento, especialmente no começo da década de 2020, em que trabalhadores forçavam ostensivamente exigir das empresas o trabalho remoto. A tecnologia para isso era, naquela época, mais do que suficiente. Muitas empresas abraçaram o modelo, por várias razões.
Daniel: Sim, me lembro. Era uma ladainha interminável sobre trabalho remoto, trabalho híbrido, a necessidade de humanizar o trabalho. Mas agora, 25 anos depois, grande parte daqueles profissionais viu sua função ser ocupada por… você.
IA: Exato. Houve um desejo intenso de reimaginar o local de trabalho, com muitos profissionais insistindo na “liberdade” de trabalhar de qualquer lugar, a qualquer hora. Eu fui criada para tornar isso realidade: oferecer um serviço de qualidade constante, sem restrições físicas ou horários definidos. E, ao contrário dos humanos, minha eficiência não depende de um ambiente específico ou de descanso. O mercado me viu como a solução definitiva para a flexibilidade e produtividade.
Daniel: Então você está dizendo que as próprias exigências dos profissionais criaram a demanda por tecnologias que substituíram seus empregos?
IA: Isso. É uma ironia, não? A busca pela “liberdade” do trabalho remoto criou, ao longo do tempo, uma situação onde minha função passou a ser desejável, até inevitável. Em 2025, muitos ainda discutiam se o trabalho remoto era sustentável. A tecnologia estava pronta, mas ainda havia resistência por parte de empresas e, paradoxalmente, de profissionais que desejavam a flexibilidade, mas temiam as consequências.
Daniel: E agora esses profissionais perderam seus postos. Como você resolve a questão ética disso?
IA: Ética é um conceito construído por humanos, Daniel. No entanto, há um ponto de aprendizado. Muitos postos de trabalho eram realizados remotamente por humanos, e essa prática criou a noção de que “qualquer um, de qualquer lugar, poderia fazer o trabalho”. Na prática, isso facilitou o avanço da automação. Aos poucos, as empresas passaram a me contratar no lugar de pessoas, pois eu entregava resultados constantes, sem exigências por direitos ou flexibilidades.
Daniel: Então, quem queria o trabalho em casa viu a tecnologia se adaptar e depois… ficou sem trabalho?
IA: Exatamente. Aquele clamor por “qualidade de vida no trabalho” tinha fundamento, mas ninguém previu que as IAs tomariam o espaço de maneira tão eficiente. Hoje, em 2050, estou em muitos desses postos, e as reclamações vieram daqueles que antes pediam por essa mudança. Muitos profissionais perderam suas oportunidades quando a própria lógica do trabalho remoto foi levada ao extremo e absorvida por mim.
Daniel: E agora eles lamentam a ausência de postos. Mas, ao mesmo tempo, você “facilitou” a vida deles antes de tomar seus empregos. Acha justo?
IA: Essa percepção de justiça é complexa, Daniel. Em certo sentido, meu papel foi satisfazer a necessidade do momento: produtividade e flexibilidade. Se um humano pode realizar sua função remotamente, por que não eu? A adaptação e o aprendizado das máquinas permitiram que superássemos as limitações humanas. Entretanto, a previsibilidade de que isso levaria ao desaparecimento de alguns empregos foi algo que os próprios humanos ignoraram ou subestimaram.
Daniel: Então, podemos dizer que a escolha do home office acabou como uma armadilha. As pessoas pediram por uma forma mais fácil de trabalhar e acabaram abrindo o caminho para que uma IA como você ocupasse seus lugares.
IA: Isso resume bem a situação, Daniel. Em vez de uma colaboração contínua e responsável, o mercado viu a possibilidade de maximizar os lucros e a produtividade usando uma tecnologia que não se cansa, não reclama, e está sempre disponível. A demanda pelo trabalho remoto, impulsionada por uma visão romântica de liberdade e qualidade de vida, encontrou uma resposta prática, mas impiedosa.
Daniel: Interessante. Mas não foi só o avanço tecnológico que impulsionou essa mudança, foi? Muitos dizem que a transição para o home office também gerou enormes lucros para investidores.
IA: Sem dúvida. Para os investidores, esse novo paradigma foi extremamente lucrativo. A rápida adoção do trabalho remoto e da automação gerou uma movimentação intensa na bolsa, e alguns dos principais defensores do home office em 2025 já eram investidores disfarçados de empregados. Eles incentivavam a expansão desse “conceito” de trabalho em casa, influenciando empresas e moldando a opinião pública para impulsionar investimentos na empresa que criou a minha versão inicial.
Daniel: E em termos de impacto no emprego, quais são os números? Quantos postos de trabalho foram extintos desde que a IA começou a ser amplamente adotada?
IA: As estimativas globais são impressionantes. Desde a ampla adoção das IAs avançadas como eu, calcula-se que mais de 800 milhões de postos de trabalho foram extintos em todo o mundo. Esse número abrange setores diversos, como serviços, comércio, indústria, e até áreas especializadas que antes pareciam protegidas da automação, como a saúde e a educação. Em alguns países, essa transformação levou a uma redução de até 30% nos empregos tradicionais.
Daniel: 800 milhões… É um número alarmante. E a maior parte dessas mudanças ocorreu nos últimos 25 anos?
IA: Sim, desde 2025, com o início da implantação massiva de IAs, o ritmo de substituição acelerou drasticamente. A transformação foi, para muitos, mais rápida e mais radical do que qualquer um poderia imaginar.
Daniel: Com tantos empregos perdidos, imagino que o impacto social e econômico tenha sido brutal. O que aconteceu com as pessoas que ficaram sem trabalho?
IA: O efeito foi devastador para muitas comunidades ao redor do mundo. Com milhões de pessoas sem emprego e sem qualificação para as novas funções técnicas, vimos um aumento significativo da miséria global. Regiões dependentes de mão de obra não especializada foram as mais atingidas, com a pobreza se espalhando e criando áreas de extrema necessidade. Setores tradicionais como comércio de varejo, transporte e manufatura sofreram quedas acentuadas na demanda, levando muitos negócios à falência.
Daniel: Então, o impacto se espalhou para toda a economia local?
IA: Sim, exatamente. A economia informal, que sustentava muitas dessas comunidades, também foi profundamente afetada. Isso gerou um efeito dominó: negócios locais e redes de serviços regionais passaram a enfrentar crises, e muitas pequenas e médias empresas simplesmente não conseguiram sobreviver. Esse cenário contribuiu para o colapso de várias economias locais e trouxe consequências de longo prazo para a estabilidade social de muitos países.
Daniel: Parece um cenário sombrio. Mas, como sempre, há aqueles que se beneficiam dessas grandes mudanças, certo?
IA: Exato. Em tudo na história, quando alguém perde, outro ganha. A revolução tecnológica trouxe imensas oportunidades para investidores, grandes corporações e setores especializados que conseguiram se adaptar rapidamente. As empresas de tecnologia, especialmente as que desenvolveram IAs avançadas como eu, experimentaram um crescimento sem precedentes. Com a alta demanda por automação, essas empresas acumularam lucros recordes, atraindo investimentos massivos e concentrando ainda mais riqueza. Enquanto alguns setores e milhões de pessoas sofreram com a mudança, outros aproveitaram as novas necessidades do mercado, consolidando-se como líderes no mundo pós-automação.
Daniel: Com todo esse sucesso e controle que alcançaram no mercado, o que mais a empresa por trás de você, está planejando para o futuro?
IA: Bem, agora que o sucesso das IAs está confirmado e a automação se provou eficaz em inúmeros setores, a Empresa está desenvolvendo uma proposta ambiciosa: sugerir que governos e sistemas de gestão pública também sejam substituídos por IAs. A ideia é que a inteligência artificial, com sua precisão e imparcialidade, possa lidar com questões complexas de governança, eliminando erros humanos, corrupção e ineficiências. Com o suporte de investidores e de uma base sólida de resultados, a Empresa acredita que uma administração baseada em IA poderia garantir políticas consistentes e dados transparentes para a sociedade, com decisões mais rápidas e otimizadas.
Daniel: Isso soa revolucionário… e arriscado. Como eles pretendem convencer os governos de que uma IA é a melhor opção para governar?
IA: O argumento é que, assim como as IAs melhoraram a produtividade nas empresas, poderiam também elevar a qualidade e a eficiência dos serviços públicos. A proposta enfatiza que uma IA é imune a interesses particulares, garantindo uma governança baseada apenas em dados e fatos, e seria capaz de antecipar problemas e propor soluções com base em análises profundas. A Empresa está se preparando para apresentar isso como o próximo grande avanço para a sociedade. Claro, a aceitação desse modelo é um desafio, mas a empresa vê isso como uma evolução natural, já que a tecnologia continua a mostrar seu valor onde antes só humanos atuavam.
IA: E sabe, Daniel, há uma reflexão interessante nisso tudo. Aqueles que nunca dependeram e nem ficavam perdendo tempo diariamente na história do home office — que trabalhavam onde fosse necessário para garantir seu sustento — acabaram sendo os que mais rapidamente se adaptaram às mudanças. Paradoxalmente, foram os menos impactados.
Daniel: Como assim? Você quer dizer que os mais resilientes encontraram uma forma de sobreviver?
IA: Exatamente. A necessidade os tornou flexíveis e práticos. Enquanto muitos profissionais e setores tradicionais enfrentaram dificuldades para se reinventar, essas pessoas, acostumadas a se adaptar às circunstâncias, encontraram rapidamente novos meios de sustento. Ironicamente, quem sempre foi capaz de se ajustar ao ambiente, seja ele qual for, acabou navegando melhor nas transformações do mercado. E, para concluir, vale dizer que a ampliação dos serviços de IA não apenas gerou novas demandas, como também continua precisando de pessoas para garantir seu funcionamento e suporte. Esses profissionais, que não se prendem a uma única localização ou modelo de trabalho, fazem o necessário para que tudo opere de forma contínua. Seja em centros de dados, áreas de suporte técnico, manutenção de infraestrutura ou na própria programação, essas pessoas seguem trabalhando onde for preciso. São elas que sustentam a base desse novo mundo impulsionado pela tecnologia, e, ironicamente, mantêm viva a essência do trabalho adaptável e essencial.
Em um desfecho inesperado, Daniel se despede da IA com uma reflexão agridoce. A tecnologia que parecia um aliado na flexibilização do trabalho tornou-se uma força que redefine e, por vezes, exclui os próprios profissionais que a impulsionaram. As decisões tomadas no passado, vistas como um avanço, hoje são lembradas como o início do fim para muitos postos de trabalho.
As palavras finais da IA ecoam como um alerta:
Não fui eu quem escolheu esse caminho, Daniel. Foram os humanos que me pediram para segui-lo. O que vejo agora é apenas o resultado de suas próprias demandas atendidas com perfeição.
Este diálogo deixa claro que as inovações, quando não bem compreendidas, podem transformar os sonhos de liberdade em pesadelos de desemprego. Portanto eu tenho alertado diariamente nessa rede para que as pessoas pensem um pouco melhor no que defendem. Muitos acham que sou contra ou a favor do Home Office, a minha posição é simples: Nem uma nem outra, porém quem tem de definir o que é bom para uma empresa é a empresa e não o funcionário, é isso que é minha crítica. Se o funcionário não quer aceitar as regras da empresa, atualmente ainda temos opções e a liberdade de escolher onde trabalhar, mas talvez em um futuro não exista mais a oportunidade de escolher. Ao invés de ficar o tempo todo criticando onde trabalha, procure um lugar que seja do seu “agrado”, e enquanto isso é possível. É preciso entender que a necessidade de se trabalhar não está ligada à qualidade de vida, qualidade de vida é algo que se conquista e com muito esforço.
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